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Futebol de Várzea: a história e significado do esporte nas quebradas


Copa Pirituba 2011 | Acervo Museu do Futebol


O Futebol de Várzea surgiu lá no final do século 19, sem regulamentação, ainda sem algumas regras e às margens do Rio Tietê, motivo para ser chamado de futebol de várzea. Naquela época, o campinho era de terra batida, ou como alguns conhecem melhor, o famoso terrão bem alaranjado.


O esporte que chegou primeiro nos grupos mais ricos da sociedade e aos poucos foi se espalhando pelas diversas classes sociais, lentamente se popularizou nas fábricas, entre operários. Alguns clubes de elite chegaram a contratar jogadores que eram revelados pelos times de várzea, assim como clubes formados por operários se tornava cada vez mais comum. Segundo o artigo 'O futebol nas fábricas – de diversão a trabalho', durante a primeira metade do século XX, era uma tradição do futebol amador ser praticado por funcionários de fábricas. Era difícil encontrar indústrias que não tivessem um pequeno time.


Para alguns operários, o futebol de várzea representava novas oportunidades de vida, já que era possível que aquele funcionário construísse uma carreira como operário-jogador, posição que garantia uma remuneração especial, com presentes, gratificações e um segundo salário. Um bom exemplo foi Garrincha, lenda do futebol, que surgiu no time de várzea de operários, lá em 1949, na América Fabril de Pau Grande, no Rio de Janeiro. Garrincha, além de fazer carreira no Botafogo, também conquistou duas Copa do Mundo, em 1958 e 1962.


Tendo surgido junto ao início da fase de explosão do crescimento da cidade de São Paulo, o futebol de várzea ainda carrega a identidade da periferia e resiste à modernização e elitização do esporte, se mantendo forte e presente nas quebradas localizadas ao extremo de cada região da cidade.


Hoje, para acompanhar o seu time do coração, é preciso investir dinheiro em diferentes streamings, devido a variedade de campeonatos e ao direito de imagem que é disputado por diferentes emissoras todos os anos, além de ter que desembolsar um dinheiro considerável nas camisas de time oficiais ou na compra de ingressos para assistir aos jogos, que ficam cada vez mais caros e inacessíveis.


Já no futebol de várzea não é assim, não é necessário pagar para assistir aos jogos e os times funcionam de forma diferente. "Nós somos uma associação (uma sociedade), então todos os jogadores ajudam com o time em custos para uniforme, inscrição de campeonatos, aquisição de bola e qualquer outro artefato. Nós sempre dividimos os gastos entre os jogadores e comissão", explica Gabriel Rodrigues, de 28 anos, morador de Itaquaquecetuba, que atua há sete anos no futebol de várzea.


Gabriel também explica como funcionam os campeonatos que seu time joga. "Nós sempre procuramos disputar a Liga Regional que é dividida em 3 divisões, mas como nosso time é novo, nasceu em 2019, a gente ainda não disputa essa liga, apenas copas e campeonatos organizados na quebrada. Na várzea se disputam bastante campeonatos, copas e festivais. Em 2019, fiz parte do time campeão da Liga Elite de Suzano, porém o time que estou atualmente conquistou diversos festivais, mas ainda não conquistou nenhuma copa ou liga. Estamos nas classificatórias para a terceira divisão de Suzano", explica o jogador do Associação Atlético Boa Vista (A.A.B.V).


Os jogos da várzea normalmente ocorrem nos finais de semanas ou feriados, mas com mais frequência aos domingos. Os treinamentos já são mais difíceis de acontecer e quase não rolam, devido a rotina de cada jogador. Não é tão fácil conciliar a correria do dia a dia com o futebol.


Sobre o que mais gosta no futebol de várzea, Gabriel assegura que com certeza é a resenha pós jogo. "Sempre nos juntamos para tomar uma e conversar, certamente a várzea é o ponto de escape de quem mora na periferia".


Para quem ficou curioso sobre o futebol de várzea ou quer saber mais um pouquinho sobre, é possível conhecer mais sobre esse universo no FUTEBOL E VÁRZEA SPORTS, canal no YouTube que aborda sobre os times das quebradas.




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