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  • Foto do escritorJanaíne Fernandes

Estúdio ThgVest promove desfile de moda na quebrada com tema "Tempo"

Coletivo aborda a moda sustentável como movimento de aceitação e resistência na periferia


E no próximo sábado (22), a quebrada recebe mais um desfile de moda promovido pelo coletivo ThgVest. Nesta edição, o grupo traz o tema "Tempo" como destaque e aborda os principais efeitos das mudanças causadas pela pandemia. "O Estúdio ThgVest está em uma fase em que queremos falar sobre o que estamos construindo como coletivo para a comunidade. Neste desfile, teremos performances sobre o tema e algumas pessoas que se apresentarão pela primeira vez. Vai ser um evento muito importante para reforçar a nossa rede de afeto aos artistas residentes do coletivo e também aos convidados".


Para este evento, o Estúdio ThgVest deseja relembrar a sua essência, mostrar o que se tornaram e como cada processo dessa evolução foi importante na vida de cada um. No quesito figurino, a edição traz a predominância dos tons terrosos para transmitir resistência e confiabilidade. Para trazer o contraste de luz e elegância, a escolha foi de trabalhar com acessórios em prata, confeccionados pela artesã Maria Rosa Flor, uma das integrantes do ThgVest. Como a moda sustentável é um dos pilares do grupo, todas as peças que farão parte do desfile, são de garimpos em brechós da zona sul.


(Imagem: @tonsdefoto | ThgVest)

O coletivo

A ideia de criar um desfile de moda na quebrada surgiu lá em 2014, quando Thiago Costa, idealizador do coletivo, teve uma experiência em um curso de Designer de Aparência, que mostrou a necessidade de tornar a moda mais acessível para todos os públicos. Apesar disso, foi só em 2018 que o coletivo começou a tomar forma, sendo hoje formado por Thiago Costa (Thg), Karine Martins, Natiele Monrroy, Beatriz Freitas e Maria Rosa Flor.


Desde a sua criação, o objetivo principal do grupo é mostrar que a moda pode representar diferentes realidades e que isso é necessário para a construção de uma sociedade mais diversa e inclusiva. A idéia é mostrar que não é preciso atravessar a cidade para consumir moda, ou usar roupas de grife, a moda é um movimento.


“O papel da moda aqui é construir possibilidades para as pessoas que estão na margem. Não podemos ignorar que a indústria da moda se consolidou a partir da invalidação de vários corpos e classes transformando ela inacessível. Então fazer moda na quebrada é construir algo para a gente, e transformar isso em um movimento de aceitação e resistência”.

Coletivo ThgVest - Maria Rosa, Karine Martins, Thiago Costa, Natiele Monrroy e Beatriz Freitas (Imagem: @tforthg | ThgVest)

O impacto da marca na quebrada

Sabemos que a moda sempre foi muito elitizada e que só após muita luta é que a galera da quebrada tem conseguido ocupar esse espaço. Ver a inclusão de pessoas periféricas nesse campo proporciona representatividade e faz com que cada vez mais pessoas de favela se mobilizem para ocupar lugares ainda maiores.


Quando falamos em território, o Estúdio ThgVest, que surgiu na região do Jardim São Luís e se expandiu para o restante da Zona Sul de São Paulo, cita a importância de ter pessoas residentes do local em cima da passarela, pois é sobre valorizar o público e mostrar que existe oportunidade e possibilidades para todos os corpos independente das sua origem.


A Fábrica de Cultura Jardim São Luís por exemplo, é um local bem marcante para o coletivo, pois foi o espaço onde tiveram o primeiro desfile, e é quase como se fosse o “quintal de casa”, afinal, todas as pessoas envolvidas no projeto nasceram ou foram criadas na região.


“O ThgVest mudou minha vida, principalmente pelas conexões que o coletivo construiu e por saber que tem muita gente na quebrada caminhando para construir algo melhor aqui e pras pessoas daqui. O nosso público é a quebrada e ver que as pessoas se reconhecem a partir do nosso trabalho é muito importante, faz valer a pena”.

CAOS - 2019 (GANG) (Imagem: @zirtaebprod_00 | ThgVest)

Mesmo com todas as dificuldades e limitações, o Estúdio ThgVest segue fiel a sua essência e acredita que a criatividade é a maior aliada para romper barreiras que às vezes podem parecer impossíveis. Como próximo passo, o grupo deseja criar conexões com artistas e coletivos que admiram para novos projetos. Isso além de movimentar trabalhos já existentes para chegar em outros lugares.


“Em cinco edições de eventos nós sempre nos surpreendemos, seja com um familiar que está na plateia, com um amigo que vai assistir, ou, até com um modelo que se emociona. Quando falamos sobre a nossa quebrada muitas vezes o tema da violência é o que se sobressai e, quando articulamos eventos como esses, que tem a ver com o empoderamento, com a autoestima que cria essa rede de afeto, automaticamente nós quebramos esse ciclo de violência, para falar sobre os nossos corpos em ambientes de acolhimento”.


Serviço:


FÁBRICA DE CULTURA JARDIM SÃO LUÍS

Endereço: Rua Antônio Ramos Rosa, 651 | Telefone: (11) 5510-5530

Data: 22/04 - sábado, das 17hs as 20hs


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