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  • Foto do escritorJanaíne Fernandes

Por que o jornalismo periférico é tão importante?

Atualizado: 8 de mar. de 2023

Eu sempre fui apaixonada pela comunicação e durante a minha adolescência, ali por volta dos meus 15 anos, eu já sabia que queria ser jornalista. Apesar desta minha escolha, eu não me sentia representada pela forma que a mídia tradicional fazia jornalismo. Isso porque assim como a maioria das crianças que cresceram durante os anos 2000, eu vivi a minha infância e adolescência assistindo programas como Cidade Alerta e Brasil Urgente, o típico jornal sensacionalista que apenas fala sobre criminalidade e negligencia qualquer outro tipo de assunto que seja relevante pra quebrada.


Lembro de me questionar o por quê esses veículos nunca (ou raramente) abordavam questões como educação e cultura , até crescer e entender que a violência gera audiência e que assim como sempre foi na história do povo periférico, nossas dificuldades nunca foram prioridade.

A partir desta visão, eu decidi ser a diferença e comecei a perceber o quanto é importante a presença de pessoas faveladas na linha de frente da informação, trazendo pautas que falam diretamente com pessoas de baixa renda, negras, indígenas e LGBTQIA+ com maior pertencimento, sensibilidade e precisão.


Na época eu estava cansada (e ainda estou) de toda espetacularização da pobreza e estereótipos impostos sobre a favela, que durante os anos foram promovidos com a ajuda do jornalismo brasileiro. E mesmo com todas as dificuldades de uma mina periférica, nunca me faltou força de vontade para que de alguma forma eu pudesse ajudar a mostrar o potencial artístico, econômico e cultural que existe dentro das periferias, e foi assim que o Marginalmente nasceu.


Lá em 2019, ano em que o projeto foi criado, eu não tinha muitas referências de veículos de jornalismo periférico, mas tudo que aprendi na faculdade me moveu suficientemente para que pudesse executar o meu trabalho e contar ao mundo a história de pessoas que movimentam a cena local, pessoas que dificilmente teriam um espaço na Globo ou qualquer outra emissora, a não ser que o assunto fosse tragédia. E hoje, quase quatro anos após a idealização do Marginalmente, é incrível ver mídias independentes sendo protagonistas no disparo de informações sobre a quebrada.


Veículos como Agência Mural, É Nóis, Desenrola e Não Me Enrola e Nós Mulheres da Periferia, tem um papel social muito importante na comunicação, e ajudam não só a dar voz a quem nunca foi escutado, mas também a combater a desinformação e a falta de acesso à informação dentro das comunidades. E é por meio desse jornalismo periférico que é possível criar uma mídia mais diversificada e inclusiva, que representa e dá voz a todas as comunidades, independentemente de sua localização, condição social e racial.


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