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  • Foto do escritorJuliana Santana

Dia Internacional da Mulher: o que falta para podermos comemorar?


Dia Internacional da Mulher | Crédito: Sierra Koder

Sejam delicadas. Troquem de roupa. Falem baixo. Toda mulher já ouviu uma frase de como elas devem ser ou do que esperam que elas sejam. Nos controlar virou uma obsessão, pessoas se dedicam a ensinar isso. Entretanto, paramos de nos esconder, somos gigantes, mas ainda temos muito pelo o que lutar.


Somos potentes, mas ainda não ocupamos metade dos cargos de liderança. Somos fortes, mas nos resumem as nossas fragilidades. Somos corajosas, mas precisamos provar isso a cada segundo. Mesmo em meio ao caos, conseguimos nos apegar às nossas redes de apoio para assim conseguirmos lutar juntas.


Segurança


De acordo com um levantamento do G1, o Brasil teve um aumento de 5% nos casos de feminicídio em 2022 em comparação com 2021, com base nos dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal.


São 1,4 mil mulheres mortas apenas pelo fato de serem mulheres - uma a cada 6 horas, em média. Este número é o maior registrado no país desde que a lei de feminicídio entrou em vigor, em 2015. Além disso, se forem consideradas apenas as mortes de mulheres, o que inclui também os casos que são classificados como feminicídios, o número cresceu 3% de um ano para o outro — para 3.930.


Discriminação no mercado de trabalho


Uma das principais formas de discriminação contra as mulheres é a disparidade salarial. Em média, no Brasil, elas ganham quase 30% menos do que os homens pelo mesmo trabalho, ou seja, executando as mesmas funções em condições semelhantes.


Segundo um Levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que o rendimento médio mensal das mulheres no mercado de trabalho brasileiro é 21% menor do que o dos homens.


Mesmo nos setores de atividades em que as mulheres são maioria, em média, elas recebem menos. Nos serviços domésticos, as trabalhadoras ocupam cerca de 91% das vagas, e o salário é mais baixo que o dos homens. Em educação, saúde e serviços sociais, as mulheres representam 75% do total e têm rendimentos médios 32% abaixo dos recebidos pelos homens.


A pesquisa do Dieese ainda destaca que a desigualdade de gênero no mercado de trabalho reproduz e reafirma esse desequilíbrio já existente em todas as esferas da sociedade, sob a forma do machismo. A partir dos papéis atribuídos a homens e mulheres, negros e negras, desenham-se as desigualdades e as relações de poder, seja econômico, sexual ou político.


Mulheres negras carregaram mais dificuldades


Para as mulheres as dificuldades existem não somente em função de gênero, mas também em função da raça. E entender isso é fundamental para que sigamos por uma mesma luta conjunta.


Patrícia Romana Silva do Nascimento, advogada e presidente da Comissão da Diversidade Racial e Etnia do IBDFAM, explica que o machismo se encontra evidente nas dificuldades como: assédio; falta de oportunidades; desigualdades salariais; baixa representatividade política; menor presença em cargos de poder; maioria na chefia das famílias; saúde mental e violência de todos os níveis, principalmente o feminicídio.


Crédito: Womanizer Toys

Contudo, o racismo se encontra implícito, quando analisadas essas dificuldades por uma perspectiva racial. Em quase todas as dificuldades que a mulher passa, majoritariamente se encontra a mulher negra. Patricia pontua que na educação 5,2% das mulheres negras alcançam o ensino superior, enquanto as brancas 18,2%.


Já no mercado de trabalho, quanto mais alto o cargo, menor a presença feminina, ainda mais negra. Enquanto há 62% de homens brancos na alta liderança (C-Suite), há apenas 20% de mulheres brancas. De homens negros, há 13%, e o percentual de mulheres negras é ainda mais baixo, atingindo apenas 4%, segundo o relatório “Women in the Workplace 2021”, da consultoria McKinsey.


De acordo com o levantamento do Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2021), 62% das vítimas de feminicídio no Brasil são negras. E quando falamos das vítimas de outros tipos de assassinatos violentos, esse índice passa dos 70%.


Mulheres na política


O Brasil está entre os países com menor participação feminina nos parlamentos federais. Violência política de gênero e mau uso de recursos são fatores que prejudicam a igualdade de gênero no país.


Dados da União Interparlamentar apontam que as mulheres compõem apenas 17,7% da Câmara dos Deputados. Dos 32 partidos políticos existentes no país, apenas 2 são presididos por mulheres: o PT (Partido dos Trabalhadores) e PMB (Partido da Mulher Brasileira).


Queremos decidir sobre nós mesmas


Queremos ser livres para tomar nossas próprias decisões. Queremos mais oportunidades. Queremos tomar a decisão sobre o que acontece ou não com nossos corpos. Queremos falar. Queremos ser ouvidas.

Por fim, para aqueles que chegaram até o fim deste texto e não entenderam, finalizo dizendo que não queremos estar acima dos homens, queremos igualdade. Queremos ser ouvidas, muitas de nós lutando pela vida no fio de seus desesperos particulares. Nos deixem viver, nos deixem sentir, nos deixem ser quem somos.

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