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  • Foto do escritorJanaine Fernandes

Feira "Dquebradinha" traz arte e moda sustentável para quebrada

Atualizado: 23 de fev. de 2023

A feira convida artistas independentes para expor o seu trabalho por um preço acessível aos moradores da região

No último dia 9 de junho, a Associação Chico Mendes recebeu mais uma edição da Feira Dquebradinha. O projeto que iniciou em dezembro de 2018, conta com o apoio de diversos artistas e moradores da região do Capão Redondo, e chega em sua quinta edição. No domingo, o evento contou com a participação de comerciantes, brechós, artesãos, trancista, fotógrafos, marcas independentes e apresentações de artistas como: Brenda Dourado, Lisa SKTMC, Iza Cover, Geenuino, Kaka Ousado, Cain Beat Box, Rael Kroffmans, Jovem Groove e o coletivo Anti Social Media.


O primeiro evento que ocorreu no final do ano passado, surgiu com a colaboração do Erro Brecho, Brechó Dquebradinhas e a festa LightHouse. “Inicialmente não tínhamos a pretensão de ser um evento muito grande, queríamos oferecer um ambiente agradável, com música e um espaço para realizar a exposição de nossos brechós. Na pré-produção pensamos em convidar mais expositores para que houvesse um público maior e assim todos os participantes seriam beneficiados. Convidamos o Brechó Perry's, Brechó A Elisa Rosa e o brechó da GUXTRAVA (que por ventura futuramente daria origem a marca Indignação Queer). Ao final dessa primeira edição vimos um grande potencial na feira e que não se tratava apenas de uma "feira de brechós", foi o momento em que percebemos o impacto social” conta Valmer Luciano, de 22 anos, organizador do evento.


A escolha dos empreendedores que participam da feira é uma das questões. Bruno Santos de 20 anos, organizador do evento e dono do Brechó Perry's, comenta que geralmente as escolhas são baseadas nas recomendações dos próprios organizadores, ou é aberto uma enquete no Instagram da feira para saber o que o público gostaria de ver ou fazer. Alguns dos participantes também enviam mensagens nas redes sociais ou no e-mail do evento. “Nós gostamos de variar e sempre trazer brechós, marcas e apresentações diferentes em cada edição pra nunca ser a mesma coisa e não ficar saturado” diz.


Impacto Social


A Feira Dquebradinha começou com a ideia de reunir brechós e marcas de amigos que moravam nas proximidades do Capão, juntamente com arte e música de artistas periféricos. “No início tínhamos pensado em fazer edições temáticas, de acordo com a época do ano, como por exemplo festas juninas e halloween, mas o projeto acabou tomando um rumo diferente e trouxe foco em questões mais próximas a nós”, diz Luca Groove, de 19 anos, idealizador do projeto.


O evento trouxe um espaço de união e acolhimento para os moradores da região, que até o momento não tinha nenhum projeto comparável. A feira uniu o público LGBTQ+ e deu espaço para os artistas da quebrada, principalmente para que as minas pudessem mostrar o seu trabalho, se tornando a principal intenção do projeto. “Sempre tem algo novo para aprender. Reparei no processo de desconstrução de preconceitos que causamos em várias pessoas padronizadas socialmente, dando mais espaço às consideradas "minorias". Vozes importantes de pessoas LGBTQ+, negrxs, mulheres, gordxs, foram e são ouvidas. Muito conhecimento e informações são compartilhados ao longo das edições, às vezes por meio de uma "simples" poesia ou música, são geradas conversas capazes de mudar totalmente a visão de alguém pra algo que antes ela não conhecia e passa a se interessar”, conta Laura Martins, de 17 anos, organizadora do evento e dona do Brechó da Dibre.


Metas futuras


Se tratando de metas, os organizadores têm grandes planos futuros, como conseguir fazer com que o espaço em que a feira é realizada se torne um espaço fixo para o evento. “Já estamos conversando com a organização do espaço, que é a Associação Chico Mendes, e esperamos alcançar essa meta o mais rápido possível”, relata Luca. Outra meta também, é fazer com que a feira possa ocupar espaços como Sesc e casas de cultura. “Isso também já está encaminhado. Talvez fazer com que o projeto se torne itinerário, mesmo tendo um local fixo seria interessante. É muito importante levar esse projeto para que outras quebradas conheçam e quem sabe expandir o movimento. Mesmo o público do Capão sendo muito consumidor de moda sustentável, temos relatos de pessoas dizendo que não há nada parecido na região em que moram e por este motivo tem que vir de longe para fazer aquisições por um preço acessível. Moradores da Leste vem visitar o evento, demorando até 2 horas pra chegar aqui, e isso é incrível”, diz.


A próxima edição já está sendo planejada pelos organizadores e tudo indica que será algo totalmente inovador. “Estamos finalizando os últimos detalhes e já posso adiantar que será em outro lugar e muito maior. O que eu posso dizer é: se preparem”, comenta Ariane Meireles, de 21 anos, dona do Erro Brechó e organizadora da Feira Dquebradinha.”Estamos fazendo parte de um projeto que ainda não podemos revelar porque está em andamento, mas vai ser um dos melhores, isso eu posso garantir”, afirma Jaqueline Pereira, de 24 anos, dona do Brecho Perry’s, conhecida como Jaque Perry entre seus amigos.


Motivação



Uma das maiores motivações que os organizadores da Feira Dquebradinha têm é ocupar espaços. Ariane conta que a sua pretensão é que através dele possa contribuir com alguma ajuda social. O evento também desperta o sentimento de gratidão na equipe. “Sou muito grato por conseguir trazer o sentimento de felicidade nas pessoas que frequentam o evento, por que vai muito além de uma feira. É um dia que as pessoas saem das suas casas para encontrar seus amigos e socializar. Além disso conseguimos conscientizar e trazer um momento de reflexão”, diz Valmer. “Gratificante é a palavra certa pra definir tudo, você saber que esta fazendo uma coisa que atinge uma diversidade tão grande de pessoas, da região sul até a norte, de diversos movimentos e que movimentam a quebrada...é bom demais”, afirma Bruno.


Dificuldades


Mesmo com as dificuldades a equipe se mantém firme. Jaqueline comenta que já pensou em desistir algumas vezes por questões técnicas, mas que se mantém firme. “Já pensei sim, várias vezes. Eu tinha que ficar "indo atrás" de certas coisas e entre outras, mas eu sou uma pessoa muito paciente. Chegou um tempo que não "fazia tanta questão” de algumas coisas pra não ficar com a saúde mental afetada, porque tem que lidar com muita coisa e com muita gente”, diz. Em contrapartida, Ariane afirma que sempre se manteve estável no projeto.“Por mais difícil que seja trabalhar com muitas pessoas, eu nunca pensei em desistir. O propósito que eu tenho para esse projeto é muito maior”, relata a jovem.


Aprendizados


Além de proporcionar benefícios à vida dos participantes do evento, a Feira Dquebradinha também causa impacto na vida pessoal da equipe que organiza o evento.

Eu já tive muitos aprendizados até aqui, e olha que o projeto nem completou um ano. Eu pude perceber inúmeras mudanças na minha vida, como por exemplo aumento da responsabilidade, organização de tarefas pessoais e de trabalho, aprendi a trabalhar em equipe, a não desistir mesmo que esteja desanimado e que está tudo bem passar por uma maré baixa, as coisas melhoram! Sem falar que isso também beneficiou demais o meu psicológico, me ajudou a superar e lidar com diversos traumas, a me sentir bem mais útil, suficiente, importante, criativa, observadora… enfim, posso fazer uma lista enorme aqui descrevendo o quanto isso foi e é importante pra mim. Mesmo que acabe, com certeza já foi um marco na minha vida”. conta Laura.


Em primeira mão, o Marginalmente divulga que os organizadores já possuem datas para os próximos eventos e que para finalizar o ano, em comemoração a 1 ano da Feira Dquebradinha, o plano é fazer um festival muito grande.

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