O audiovisual e a costura é apenas uma das muitas habilidades artísticas desenvolvidas por Vitória Eunice
Residente do Guarapiranga, periferia localizada na zona sul de São Paulo, a jovem de 19 anos iniciou sua carreira artística por meio da dança. Apesar da pouca idade, a arte sempre foi presente na vida de Vitória Eunice. O hip-hop, samba e outros estilos musicais, foram uma de suas primeiras escolhas como forma de expressão. "Com o tempo fui me afastando de uma área e conhecendo outra, então me afastei da dança e conheci o audiovisual, entrei no Instituto Criar de TV Cinema e Novas Mídias e me formei em pós produção (edição de vídeo). Assim que estava terminando o curso, comecei a me interessar mais pela costura, e hoje estou aqui fazendo um pouco de todas essas áreas", relata.
Atualmente, Eunice desenvolve diversas produções com viés artístico. Atuando como pós-produtora, fotógrafa, colorista e costureira, recebe muitos elogios ao divulgar os seus trabalhos, e se torna inspiração para todo o público que acompanha os seus projetos. "Na verdade é difícil se reconhecer como artista. As vezes tenho picos emocionais e penso que não tenho "tempo" pra ser artista, e no meio dessa crise me pego fazendo arte. É muito natural nossa forma de expressão! Eu me enxergo artista toda vez que alguém se enxerga na minha arte", diz.
Em seu processo criativo, Vitória Eunice desenvolve um turbilhão de ideias a qual ainda está aprendendo a se organizar. A maioria dos seus trabalhos já produzidos, surgiram por meio de uma loucura - como relata a artista - em que só tomou a decisão de criá-los. Além do audiovisual e costura, ela também arrisca algumas rimas. Chegou a se apresentar em uma das edições do Baile Trap - evento que ocorre trimestralmente no Jardim Ibirapuera, bairro da zona sul paulistana - mas nunca divulgou suas letras de forma pública. "Eu só escrevo o que sinto e vira música. As vezes tenho coragem e vontade de compartilhar com o mundo, porém meus maiores hits só minha cachorrinha Babalu que dorme comigo conhece, rs", comenta.
Diante todas as suas expressões artísticas, Eunice declara que as suas preferências se alternam de tempos em tempos. "Eu amo editar, fotografar, costurar e muitas outras coisas, mas o que nunca vai mudar é a minha paixão por colorir. Colorir filmes, fotos e agora até paredes. Talvez um dia colorista seja meu único trabalho".
Ao falar sobre suas inspirações, a jovem artista declara o seu apreço por amigos e pessoas do seu ciclo social. "Você e todas as outras pessoas de luz que eu tenho a minha volta. Na zona sul principalmente, tem muita gente linda e talentosa que me acolheu muito e me incentiva até hoje. Sou grata e fã dos que são reais. LAU$!". Na costura, a sua maior influência é vinda de sua avó, Maria Madalena, que lhe ensinou a costurar e fazer as produções que hoje faz sucesso entre muitos. "Eu fico indignada de ver os talentos me chamando de talento".
Em relação as dificuldades, Eunice relata toda a complexidade e o peso que se tem ao ser mulher, negra e periférica no mundo da arte. "É muita loucura carregar tudo isso, o peso dessa pergunta no meu corpo. Uma mulher preta e periférica na carreira artística... me lembrei que só de estar aqui representando algumas, não todas por varias questões de eu não ser retinta, gorda ou enfim, mas eu estar aqui já representa muito, tinha esquecido disso, obrigada por me lembrar. As dificuldades são nítidas, não vou citar por que me dói, mas garanto que vale a pena carregar isso tudo quando você vê um sorriso de uma mulher negra e periférica voltado pra sua arte, pra sua existência sabe?", diz.
Para o futuro, Vitória Eunice utiliza a palavra "luz" para declarar suas projeções e já deixa claro para o público "aguardar". Pra quem está começando no ramo da arte, ela aconselha: "Fé em você amô! A Luz vem de dentro e cuidado com o ego".
Para quem quiser conhecer um pouco mais sobre a artista e o trabalho desenvolvido, acompanhe-a pelas redes sociais: Facebook: Eunice Eunice Instagram pessoal: @euniceunice_ Portifólio: @maraviclhosa_
