Vitória Mota, cria da Sapopemba na zona leste, é cantora e não conseguia se encontrar na música brasileira
Vitória lida com a arte de uma forma linda e pura. "Ela sempre me curou e sempre esteve comigo, mas não é fácil!" Sempre teve poucas referências negras na música, por ser uma indústria muito seletiva e padronizada, então era muito difícil se sentir representada, tirando as cantoras negras americanas, não conseguia se encontrar na música brasileira.
A música para a artista é como o ar que respira, como o sangue que corre nas veias e as batidas de seu coração. Ela nunca conseguiu viver sem e diz que nunca vai se sentir ela mesma sem a música, "é uma extensão de mim, seja pelo meu canto, pela minha dança e pelos meus dedos (a composição)".
Já contribuiu com a arte em sua periferia cantando na escola, participando de eventos em Fábricas de Cultura totalmente gratuitos onde exigia meses de dedicação de ensaios para dar tudo certo.
As dificuldades de ser cantora em sua idade e em seu bairro são as mesmas que todo o artista periférico tem, pois nunca consegue se dedicar 100% em sua arte por ter inúmeras responsabilidades, além da indústria elitista dar poucas oportunidades.
Vitória sempre teve que correr atrás de empregos e estudar em outra área, como por exemplo a sua área de formação que é Marketing, para poder colocar comida na mesa e conseguir ter seu dinheiro para investir na carreira e nos estudos da música, que por sinal não são nada acessíveis. Tendo estas responsabilidades acabava não conseguindo se dedicar totalmente como deveria, assim tomando um rumo totalmente diferente que imaginava em sua vida.
Poucas pessoas conhecem o seu trabalho, já que, por causa de vários fatores que aconteceram em sua vida, a cantora sempre foi impedida de seguir completamente a carreira musical, então apenas as pessoas mais próximas e seus seguidores nas redes sociais a conhecem, por enquanto.
"Meu maior sonho como artista, é um dia poder ser reconhecida e admirada pelo meu trabalho, minha história e minhas ações", diz.
Vitória sempre quis redirecionar a sua imagem a favor das causas que acredita, ajudar sua comunidade, os artistas e os brasileiros que sofrem tanto pela desigualdade social, pelo racismo, pelo machismo e por todas as coisas que os impedem de conquistar os seus sonhos.
Sobre tudo o que está acontecendo nos últimos dias em relação às manifestações relacionadas a morte de George Floyd, a morte de João Pedro e contra o fascismo, a artista diz que os manifestantes têm o seu total apoio. "Não podemos ficar calados enquanto pessoas negras morrem apenas pela sua cor, enquanto nós, ainda continuarmos sem ter o nosso direito de ir e vir simplesmente por existir pessoas intolerantes. Devemos sempre lutar contra qualquer opressão a pessoas inocentes e buscar a paz entre a sociedade."
Por fim, Vitória diz como está vivendo este período de quarentena, onde está sendo de muita reflexão, está vendo o quanto os seres humanos necessitam da música e do que a arte traz para poder passar por isso da melhor maneira. "Está me impulsionando a criar novas idéias e quando tudo isso terminar, colocar de vez em prática tudo o que posso fazer para conquistar meus sonhos", encerra.
Para amenizar o estresse e a ansiedade, ela está cantando, dançando e fazendo lives, além de consumir a arte de outras pessoas, sendo por filmes, animações, música e afins.
Vitória agradece muito aos seus amigos por sempre terem acreditado nela, apoiado e dado as oportunidades.
Redes sociais: @vigmt
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