Trazendo seu elo com suas ancestralidades, primeiro EP do MC Vitim veio para ressignificar seu nascimento
Nascido em Americana, Victor Soler, 26, também conhecido como Mc ViTim, integrante do grupo Plena Rap e do grupo de maracatu Estação Quilombo, no último dia 10 de Outubro lançou seu primeiro trabalho solo, o EP A.B.Í.
ViTim apresenta A.B.Í como seu primeiro filho no mundo. O título do EP é um dialeto Iorubá que significa 'nascer'. Quando Abí vem acompanhando por um sufixo, ele se complementa. Acompanhado pelo sufixo ODUN - Abiodun significa “nascido para o destino”. Acompanhado pelo sufixo IKU - Abiku significa “nascido para morrer” e acompanhado pelo sufixo AXÉ - Abiaxé significa “nascido para a prosperidade”. O trabalho ganhou grande significado sendo lançado no dia de seu aniversário (10/10), portanto, o EP Abí nasce repleto de sentido nos sufixos trazidos de sua trajetória.
“Isso veio para ressignificar esse lance do nascimento para mim. É muito importante, ainda mais, eu sendo um homem preto de periferia, tem que comemorar todo ano. Nosso aniversário é uma vitória, pois a qualquer momento pode acontecer algo com a gente, tem que comemorar, fazer festa, ficar feliz, tem que ser celebrado” – conta ViTim
O EP contém 5 faixas autorais.
Produzido por Cristian Zimermann, também conhecido como Cientista dos Beats (@cientistadosbeats) e pelo Ruero (@ruerxx) na faixa “Preto Velho”. Seu som traz a pegada Boom bap, uma das vertentes mais clássicas do hip hop, com o batuque presente trazendo sua ligação com o maracatu.
O processo de gravação foi bem leve e despretensioso, o cantor conta que foi através de um beat de Ruero que se iniciou o EP “Estávamos em estúdio, enquanto ele estava produzindo esse beat (da faixa “Preto Velho”) e eu achei muito louco, eu já tinha uma letra guardado, comecei a cantarolar em cima... Depois de muita força dos meus amigos, foi surgindo o EP” explica ViTim.
O trabalho de ViTim ainda conta com participações de Danny Asa (@danny_asa_gopes) nos refrãos das faixas “Novos Momentos” e “Preto Velho” e de Júlia Motta (juliamott) com uma poesia marginal na primeira faixa, intitulado Ewé ó “A poesia marginal e periférica é um lugar de representatividade, de cultura, da comunidade preta, então não dá para falar do contexto poético periférico e preto sem falar do movimento que antecede e contribui para um só objetivo que é a visibilidade e a articulação entre os nossos” diz Júlia. Ela também conta que tem uma ligação de irmão com ViTim. O processo criativo para sua poesia veio de suas vivências.
O MC busca levar uma mensagem positiva, não para ser só mais um som jogado na playlist, mas para reflexão de formas pontuais “Eu quis trazer um contexto religioso, um contexto de etnia e com relatos de como é ser preto nessa sociedade, de algumas coisas que a gente sofre, de algumas coisas que temos que abdicar por conta do racismo e tudo mais. Tem bastante de mim, tem meus ancestrais, meus orixás” conta ViTim.
CONFIRA O EP A.B.Í
Ficha Técnica:
Arte: Vitim, Diogenes Andrade
Captação: Rippingmoneyrecords
Mix/Master: Cientista dos Beats
Instrumentais: Cientista dos Beats e Ruero
Composição: Vitim
Conheça ViTim - @vtmsoler
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