O artista aproveitou a quarentena pra lançar seu segundo EP, que expressa suas emoções e denuncia pensamentos internos
Intitulado como "Descartável", o Ep de Gabriel Lima, já conhecido nas redes pelo seu trabalho com ilustrações, descarta pensamentos pesados a qual o cantor carrega. "Eu precisava de um refúgio rápido pra soltar esse turbilhão de sensações alocadas em mim, e a música outra vez foi um canal de fuga".
Composto por um instrumental de outra autoria distorcidos a ponto de trazer uma nova sonoridade (samples), e uma lírica com base nas anotações feitas no celular em momentos de pensamentos internos (antes mesmo da quarentena), o EP tem a duração de aproximadamente 10 minutos, contendo um audiovisual autoral, o suficiente pra fazer você refletir por um segundo que seja.
Ao longo do tempo, após momentos de questionamentos internos e momentos de inseguranças, o artista foi registrando tudo o que pode através de palavras, no bloco de notas do celular, sem ao menos saber que transformaria esses mesmos questionamentos em uma obra. "É gratificante pra mim ver que, mesmo a situação sendo desconfortável, mesmo enquanto meus pensamentos estavam quase me matando, eu consegui extrair algo bom disso", diz Gabriel.
O jovem de 22 anos, cita que alguns dos samples utilizado em seu álbum, conheceu por meio de grandes artistas do mundo da música, como Kanye West, KL Jay, King Krule. E quando se trata de referência para a produção deste álbum, o artista cita que se inspirou em Bk', Earl Sweatshirt, MIKE, MAVI, Medhane, Pink Siifu e Adé Hakim.
O nome "Descartável" na verdade seria o oposto. A capa foi composta através de um estudo autodidata que o artista fez meses antes de cogitar fazer um EP, e a parte visual do projeto é a sua segunda experiência com animação digital nos seus trabalhos. Tudo nesse EP foi muito bem reaproveitado, a lírica, a sonoridade, incluindo a capa. "Coincidentemente uma música faz mais sentido após a outra, e isso acontece com o instrumental também. Tudo fluiu como se eu já estivesse criando tudo sabendo que, no final todas as peças desse quebra-cabeça se encaixam, mas anteriormente eu não fazia ideia disso."
Apesar das músicas terem sido feitas separadas, só depois de finalizadas Gabriel percebeu que poderia junta-las e transformar em um EP, com um conceito inconscientemente inserido. "Nesse projeto foquei mais em expressar o que sinto internamente, independente de ser algo positivo ou negativo, pra no mínimo conseguir entender o que acontece dentro de mim. Um momento de introspecção". Trazendo “o bem e o mal”, um aspecto de dualidade, algo que naturalmente faz parte de nós, Gabriel acredita que muitas pessoas podem se identificar com o seu trabalho.
AS FAIXAS - por Gabriel Lima
AUTO SABOTAGEM Quando você minimamente desacredita de si, imperceptivelmente você se sabota. Abordo essa situação na música, abordo uma parte complexa de mim, e abordo meu desejo de querer melhorar mesmo eu deixando minha mente me sabotar. Percebo toda a tempestade causada por mim, e também que sou o único capaz de mudar isso. Estabelecendo o novo objetivo de melhorar mesmo não sabendo como, temporariamente. Acredito que a capacidade de se dar conta do erro já é uma chance de não executa-lo novamente, sendo assim, trilhar um caminho melhor. PEQUENOS PASSOS Nessa música eu compreendo que por mais que seja demorado e difícil o processo de melhoria, ainda existe o resultado final. Eu entendo que através de pequenos avanços eu posso alcançar um resultado melhor, mas eu também reconheço que não me contento só com isso, e que quero dar um passo maior que a perna mesmo assim. Penso dessa forma pra não cogitar uma outra possibilidade que é a de acabar com tudo dando fim a vida. MUDANÇAS Visando a quantidade de alternativas inexploradas que podem ser substituídas pelo fim de uma trajetória, me assusto com a excessividade de caminhos que podem ser trilhados, e acabo me perdendo entre eles, sem saber exatamente pra onde ir. Receoso com o resultado de cada atitude, evito frustrações e acabo me vendo estagnado. Percebendo isso me dou conta de que é necessário ter um auto-cuidado maior, sabendo que vou ter que lidar com autoestima, responsabilidades internas, coisas que as vezes acabo não dando tanta atenção quanto deveria.
INTROSPECÇÃO
Antes da quarentena eu já estava focado nessa questão de uma atenção interna, e como é dito na própria introdução da música, querendo ou não essa quarentena veio pra florescer mais esse aspecto. Cito sensações que mesmo que eu esteja em um dia comum, se eu tiver que lidar com algum responsabilidade, essa música pode descrever como me sinto. Meio perdido, indeciso, ansioso… São sensações despertadas por situações que pedem responsabilidade. Conheça o trabalho do Gabriel, acesse agora ao álbum completo:
Siga-o nas redes:
Facebook: Gabrieuart
Instagram: @gabrieuart
Comentários