Em parceria, o fotógrafo Isac Oliveira e a jornalista Janaíne Fernandes, criaram o projeto que em sua primeira edição apresenta o coletivo "O MANECO"
Com o intuito de ressaltar a arte na quebrada, o fotógrafo Isac Oliveira, 22 e a jornalista Janaíne Fernandes, 22, aliaram as suas profissões para criar o projeto "QUEBRARTE". Em debate desde o mês de abril, o projeto visa mensalmente trazer editoriais com artistas da zona sul com o objetivo de destacar a arte periférica. Em sua primeira edição, o QUEBRARTE convida o coletivo "O Maneco" para uma entrevista e apresenta o ensaio feito por Isac Oliveira.
O MANECO
O Maneco é um coletivo periférico integrado por quatro jovens moradores do Parque Fernanda-Capão Redondo, que visa utilizar o seu conhecimento cultural para promover arte para o seu bairro.
Atualmente, o grupo formado por Jefferson Emanuel, João Oliveira, Victor Hugo e Isabele Iwanaga, decidiu transitar de "brechó" para "coletivo". A vontade de criar projetos e servir o bairro em que residem, crescia de forma constante e não cabia apenas na nomenclatura de uma marca de roupas. "Sempre visamos mais do que a venda de roupas, queríamos levar conteúdos informativos e culturais, feito por nós mesmos. A proposta é expandir a visibilidade da nossa quebrada, e a das novas mentes criadas aqui", diz Isabele.
João comenta que foi durante a apresentação da cantora Linn da Quebrada, em um dos eventos da Crash Party - festa LGBTQIA+ periférica -, em que a ideia de se tornar um coletivo foi materializada. Neste dia, o salão do evento estava em lotação máxima e ele e Jeff acabaram ficando do lado de fora da festa, o que contribuiu para que começassem a trocar ideias e percebessem a potencialidade que o Maneco tinha pra ser muito mais do que um brechó e não se limitar a vendas. Durante a conversa, ambos notaram que tinham um débito como a quebrada e que isso começou a pesar. "Já tínhamos recebido tanto dela e nunca tínhamos devolvido. Então decidimos fazer essa transição de um brechó para um coletivo de arte periférica. Acabamos ficando até o final do role nessas ideias, e até hoje conversamos sobre isso".
COMO SURGIU E COMO FUNCIONA?
Inicialmente criado com a proposta de ser um brechó, o Maneco surge em 2019 a partir da ideia de Jefferson lucrar com a venda de peças usadas. A escolha do nome veio através da forma que amigos e pessoas mais intimas o chamavam: "Maneco", que é do apelido para "Emanuel". Além disso, o jovem de 22 anos faz a escolha do nome pela flexibilidade em brincar com trocadilhos. Se baseando em garimpo de roupas, Jeff criou o slogam "Garimpo sem freio", já que a palavra "maneco" também é um apelido para o freio de mão.
As atividades dentro do coletivo são separadas. A pré produção é feita por Isabele, a produção é responsabilidade de Victor, Jefferson e João, e a pós produção fica nas mãos de João. Em mais projetos/atividades o trabalho é dividido em partes e as vezes é feito mais do que uma função, se precisar. No brechó, a escolha das peças de roupas e looks são feitas por todos os integrantes do grupo, trabalhando em cima do que cada artista representa, com o objetivo de fazer com que cada look personifique o que o artista quer passar.
A INTERAÇÃO
Além de atuarem como profissionais, o coletivo tem uma amizade forte. Com unanimidade, o coletivo afirma que o fato de serem amigos só facilita o trabalho, e que a convivência faz com que todos tenham sintonia, maturidade e a consciência de saber separar o pessoal e o profissional.
Jefferson, que atua com modelagem, produção editorial, e é formado em tecnólogo de Gestão e Negócios, cita que o grupo usa o profissionalismo muito bem. "Quando não estamos tão bem como amigos e precisamos falar de trabalho, sempre engolimos o que temos a falar e resolvemos as questões do coletivo. A gente precisa saber separar cada coisa", diz. O coletivo fala da importância de saber que todos correm pela mesma causa e que os objetivos e sonhos são os mesmos dentro do coletivo.
CAOS E CORES
Em 2020 o grupo apresentou "CAOS E CORES" como primeiro projeto do Maneco como um coletivo de arte. A ideia desse editorial surgiu inspirada em um breve poema criado por Jeff, mostrando o caos que é instalado no bairro em que moram, e as cores que o rodeiam, sendo assim a salvação do mesmo. Com a colaboração integrantes do coletivo "Mais Brecks" e com pouco orçamento, o coletivo conseguiu realizar o projeto em algumas semanas. "Nós nos dedicamos ao máximo para que tudo ocorresse da forma planejada, e conseguimos. O projeto saiu melhor que o planejado, com um feedback gratificante e que abriu novas portas para o Maneco. Foi ai que percebemos que juntos conseguiríamos alcançar novos patamares", diz Isa Iwanaga.
O editorial foi feito na base da amizade. O grupo gastou um total de R$50, que foi utilizado para alimentação. As fotos foram feitas no quintal da casa de um dos integrantes do coletivo, e obteve um resultado ainda melhor que esperado. Jefferson diz que houve um crescimento de 85% da marca no Instagram e que o coletivo conseguiu atingir o público que mais almejavam, o Capão Redondo.
PROJEÇÕES
Atualmente, o brechó é a maior fonte de renda do coletivo, que visa crescimento e reconhecimento dentro da comunidade. "Temos consciência de que o retorno não será automático. Planejamos levar o maneco adiante com projetos que beneficiem nossas periferias, e ganhar nome e credibilidade para que possamos nos manter com apoios governamentais e colaborações de outros projetos sociais", comenta Isabele.
Victor diz que uma das melhores coisas de ter um brechó é poder trabalhar com a moda periférica e sustentável. "O que mais gostamos de fazer é vestir os artistas da nossa quebrada e mostrar autenticidade e criatividade em forma de moda".
Pra quem tem o intuito de criar um brechó o coletivo deixa o recado: Criatividade e inovação. O conceito criado atrai muito mais do que apenas peças expostas a venda.
Quer saber mais sobre o coletivo? Siga "O Maneco" no instagram ⬇️
Conheça o ensaio no nosso álbum de fotos!
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