Nascido e criado na zona sul de São Paulo, Isac Oliveira começou a sua carreira artística aos 16 anos, com o auxílio de Rogério Pixote na Fábrica de Cultura do Capão Redondo. A ideia de trabalhar com audiovisual surgiu por causa do skate. Isac tinha vontade de se tornar skatista profissional e devido a falta de habilidade surgiu o sonho de se tornar videomaker. Na época, havia comentado com a sua mãe sobre essa sua vontade e coincidentemente no mesmo dia ouviu um anúncio informando que a Fábrica de Cultura estava com vagas abertas para o curso de fotografia e o mesmo fez a sua inscrição. Desde então, Isac atua como fotógrafo e produtor audiovisual, agregando cinco anos de experiência na área.
Em sua carreira, Isac define algumas de suas produções como favoritas. Os clipes citados são: "Deus é mulher e preta" da artista Brrioni, "Silêncio" do rapper Mulambo, "Triângulo da morte" desenvolvido pro desfile Loyal, "Remonta" trabalhado com a artista Jup do Bairro e "Copo amarelo" do rapper Yque - feito 100% com fotografia e com o auxilio de Iuri Fernandes. "Se você observar com outros olhos, vai ver uma história. Eu não me recordo de ver um clipe assim na cena do rap nacional", diz Isac. Por último, o jovem artista faz menção ao clipe "Laus", do coletivo Anti Social Media. "Laus eu produzi desde o começo e marcou muito pra mim o processo desse clipe. Quando eu vejo as pessoas gritando "laus" eu fico louco, porque foi difícil até o clipe sair", comenta.
Seu processo criativo é desenvolvido por meio de um banco de dados criado por si mesmo, e que contém um pouco de tudo: livros, músicas, filmes, conversas, vivências. O artista faz a escolha do tema e extrai o máximo de coisas que pode utilizar para desenvolver o seu trabalho. Fã de suas próprias produções, o jovem já desenvolveu uma diversidade de conteúdos. Com os amigos da Underground Filmes, já filmou e fotografou baile funk, desenvolveu vídeos para o desfile Loyal e realizou o seu trabalho que considera o mais artístico, o "Novo Poder". O editorial foi realizado com moradores da comunidade Parque Fernanda. Pessoas em que a maioria não se veem como modelo e não tem espaço dentro da moda. "O Novo Poder fala muito sobre a autoestima periférica. Esse trabalho foi feito com uma câmera emprestada, porque até hoje não consegui comprar a minha. Foi foda expor em lugares que eu convivo, então esse trabalho mostrou muito de mim", diz Isac.
Até hoje, as suas maiores influências não atuam no ramo audiovisual. Isac considera os membros de sua família como a maior fonte de inspiração. Seu pai, sua mãe e sua avó, sempre lhe ensinaram que ele podia fazer tudo o que quisesse, independente das dificuldades. "Eu refleti que na verdade não tenho muita inspiração dentro do audiovisual, até porque é um trabalho muito eliticista. Eu gosto de me ver nas inspirações, mas tem também o pessoal da quebrada. Admiro o Vinicius Souza (@vinilclick) e o Amorim (@ghe_tto), que dichavam nos cliques. No cinema eu não tenho muita referência de nome, mas vejo de tudo, e isso é uma das coisas que fortalecem o meu processo. Entre os amigos, me inspiro demais na Brrioni, Breno Shinn, Larissa Estevam, Valdinei, Cain Beat Box, ATS, Jup do Bairro, Harlley, Mulambo, Jp na Ironia, Pri Mastro - amo a minha quebrada e me inspiro muito nos trabalhos", diz.
Como artista periférico Isac cita que uma de suas maiores dificuldades é a falta de verba e o reconhecimento das pessoas. "Quando você pergunta pra alguém 'Quais são os seus artistas favoritos?', a pessoa irá citar o nome de umas 10 pessoas da mídia, mas nunca irá dar reconhecimento a quem está por trás das câmeras. Nós sempre somos muito esquecidos! Estamos tentando mudar isso aos poucos. Eu vejo como o Iuri Fernandes, a Jaqueline Leal, Mayra Neves e até mesmo você estão trabalhando, mas infelizmente ainda está muito distante da mudança. Não é fácil estudar horas, guardar um dinheiro que não tem pra comprar um computador e fazer os corres, pra que no final os créditos fique apenas para os artistas renomados".
Amanhã (31), Isac Oliveira faz a exposição no evento Sobre(vivência), que acontece na Sede da Comunidade Vila Fundão, às 16h. Seus trabalhos podem ser conferidos através do seu instagram @isac_click.
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